Orgulho de ser intensivista!
Essa é a frase que me acompanha desde que decidi me profissionalizar nesta especialidade
Sou Patrícia Rangel, médica intensivista, ex-aluna da Faculdade de Medicina de Campos (FMC), atual professora de Medicina e Farmácia na FMC e Coordenadora do CTI do Hospital Escola Álvaro Alvim, onde os corredores me receberam, ainda jovem, com todos os anseios e sonhos, expectativas e planos. Recentemente, também com total satisfação e gratidão, integro a equipe de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante.
Hoje, atravesso os mesmos corredores do hospital que me acolheu, com passos mais firmes, mais decidida, com mais responsabilidades, mas ainda com sonhos e expectativas de implementar um serviço de Terapia Intensiva de alta qualidade para o atendimento da população de Campos e arredores, sem nenhum tipo de distinção, no que diz respeito às condutas diagnósticas, plano terapêutico e relação interpessoal médico-paciente-família-equipe.
Para muitos, o ambiente do CTI é hostil, com ruídos demais ou um silêncio ensurdecedor, que os empurra para um estado de angústia e incertezas, dor e sofrimento, onde a finitude da vida parece monstruosa.
Mas não… prezamos pelo melhor cuidado! Afinal, cuidamos de pessoas e, não apenas, tratamos doenças!
A especialidade de Medicina Intensiva surgiu, tímida, mas já com grande potencial, na década de 70, a fim de atender pacientes críticos (os que necessitam de cuidados intensivos, integrais, com manejos específicos, muitas vezes invasivos) e se consolidou em 1980, com a fundação da AMIB – Associação de Medicina Intensiva Brasileira, que permanece até hoje, inovando e se renovando a cada época para uma melhor assistência à saúde para a sociedade.
Desta forma, cada vez mais adeptos desta abordagem global e minuciosa, delicada e intensa ao mesmo tempo, formam-se a cada ano, promovendo um incremento de profissionais especializados nesta área de atuação, tanto médicos, quanto diversas áreas de assistência à saúde, como Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia Intensivistas, quanto demais áreas da saúde de grande relevância no manejo de pacientes graves.
Na pandemia da COVID-19, pelo SARS-CoV-2, ou como era amplamente chamado, Coronavírus, a Terapia Intensiva tornou-se um divisor de águas para os pacientes e suas famílias, em busca de um tratamento e um ambiente em que suas vidas pudessem ser salvas. Neste cenário aterrorizante, tivemos, do seu início em 2019 até hoje, em torno de 760 milhões de pessoas infectadas pelo vírus, com quase 7 milhões de mortes.
As UTIs com superlotação, escassez ou ausência de medicamentos, equipes expostas e exaustas, levadas ao extremo da condição física e psicológica, eram o cenário propício para desistência. Mas continuamos… não paramos… e persistimos!!! Tornamo-nos mais fortes, enfrentando um desconhecido em prol de outras vidas; improvisando, diversas vezes; abraçando com barreiras de tecidos, mas que não seguravam as lágrimas diante de um cenário de guerra e de perdas.
Mas, nós, intensivistas, não desistimos em nenhum momento e conseguimos, entre suspiros e ventiladores mecânicos, entre medicamentos e olhares de compaixão e empatia, entre medos e alívios, atravessar este mar de desalentos e recuperar milhões e milhões a mais de vidas, sem que nenhuma perdida tenha sido esquecida ou em vão.
Como ensino aos meus alunos e transmito à minha equipe: Compaixão, Empatia e Cordialidade: as melhores, mais eficientes e mais belas das Habilidades Médicas, que quando aliadas sempre à Competência Técnica e às Boas Práticas, levam à excelência no cuidado.